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Biodiversidade brasileira é vista como vantagem comparativa pela indústria

O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. São mais de 116.000 espécies animais e mais de 46.000 espécies vegetais conhecidas, espalhadas pelos seis biomas terrestres e três grandes ecossistemas marinhos.

A abundância brasileira em biodiversidade pode ser vista como uma vantagem comparativa que, com investimento, conhecimento e estratégia pode tornar o país uma potência em bioeconomia. Nesse contexto, a indústria pode ser protagonista no uso eficiente e sustentável dos recursos naturais e no aproveitamento da biodiversidade brasileira.

De acordo com o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, a indústria brasileira valoriza o potencial das florestas por meio de projetos que conservam a biodiversidade e geram renda e desenvolvimento. “A indústria tem mostrado que é possível estimular a economia e promover o desenvolvimento social em sintonia com a conservação ambiental, através do uso sustentável da biodiversidade”, explicou.

Empresas como Natura, Reservas Votorantim e a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) estampam iniciativas de sucesso que aliam desenvolvimento econômico e conservação ambiental.

O uso de bioingredientes

A Natura, empresa líder em negócios sustentáveis com bioingredientes da Amazônia, atua na conservação do meio ambiente e desenvolvimento das populações locais da região. Por meio desse modelo de negócios, desde 2011, a empresa já movimentou R$ 2,55 bilhões em volume de negócios na região Amazônica.

A companhia brasileira estabeleceu relacionamento com 85 cadeias da sociobiodiversidade e desenvolveu 41 bioingredientes, gerando renda para mais de 8 mil famílias de comunidades extrativistas e contribuindo para a conservação de 2 milhões de hectares de floresta na Amazônia. A meta é aumentar a área conservada para 3 milhões de hectares até 2030.

“A Amazônia, por exemplo, é o maior ativo da biodiversidade do mundo – o que deve ser visto como um ativo econômico com muitas oportunidades de negócios. Com investimentos em tecnologia, pesquisa e estratégia podemos explorar essa vantagem competitiva e tornar o país uma potência em bioeconomia”, afirmou Denise Hills, diretora de Sustentabilidade da empresa.

“A biodiversidade está na base do modelo de negócios da Natura – e nossos negócios provêm diretamente da biodiversidade”, resumiu Hills, durante painel na 15ª Conferência das Partes (COP15) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que acontece em Montreal, no Canadá, até 17 de dezembro.

Um dos exemplos citados por Denise Hills foi o uso da árvore amazônica ucuuba (foto acima) pela Natura, cujas sementes são fonte de uma manteiga natural que promove uma reparação profunda na pele. “Desenvolvemos uma abordagem inovadora para transformar essa espécie em extinção em fonte de alguns dos produtos mais essenciais de nossa linha”, disse durante o evento Business and Biodiversity Forum (Fórum de Negócios e Biodiversidade) na COP15.

O potencial da ucuuba foi identificado pela Natura em 2004, durante o mapeamento de várias espécies para o desenvolvimento de óleos e manteigas a partir de matérias-primas encontradas na Amazônia – mas a empresa só lançou a linha de produtos com a sua manteiga em abril de 2015, depois de um longo processo de pesquisa.

A biodiversidade no setor de árvores cultivadas

Para o diretor-executivo da Ibá, José Carlos da Fonseca Jr., o país “tem uma enorme oportunidade de se posicionar como grande potência agroambiental, da bioeconomia em larga escala, com soluções para o meio ambiente e a sustentabilidade”.

A indústria de base florestal planta mais de 1,5 milhão de árvores por dia, geralmente eucalipto e pinus, de rápido crescimento, que sequestram e estocam gás carbônico, auxiliando na batalha contra as mudanças do clima, e geram retorno financeiro. O setor possui uma carteira de investimentos em andamento ou anunciados (2022-2028) que alcança R$ 60,4 bilhões.

“Produzir e conservar é possível. Este é o conceito base da bioeconomia, aplicado há anos pelo setor de árvores cultivadas e, por isso, costumamos dizer que este é um setor com os dois pés na bioeconomia”, completou o Fonseca.

Ao todo, o setor é responsável por 9,5 milhões de hectares de cultivos, comumente realizados em áreas antes degradadas. Além disso, conserva mais de 6 milhões de hectares em mata nativa.

Por meio de uma moderna técnica de manejo (chamada mosaico florestal), o setor intercala florestas produtivas com áreas de vegetação nativa. A técnica gera grandes benefícios ambientais, como fertilização do solo, sequestro de CO2, regulação de recursos hídricos e, especialmente, cuidado com a biodiversidade.

“São cerca de 8 mil espécies de fauna e flora – mais de 335 classificadas como em risco de extinção – registradas por companhias do setor em suas áreas. Isso significa que encontraram nas áreas do setor um local para se desenvolverem, transitarem, reproduzirem, entre outras possibilidades”, enumerou Fonseca.

Metodologia inédita

Para as Reservas Votorantim, desenvolvedora de projetos de economia verde da Votorantim, as áreas plantadas e conservadas podem gerar renda, proteger florestas e a biodiversidade por meio do mercado de carbono. A empresa investe em áreas de Cerrado e Mata Atlântica, que somam 63 mil hectares de mata nativa conservada, estocando 20 milhões de toneladas de carbono, e lidera projetos inéditos nos dois biomas.

Na COP15, a empresa apresentou a primeira metodologia de crédito de carbono na Mata Atlântica. A iniciativa, batizada de PSA-Carbonflor e desenvolvida em parceria com a Eccon Consultoria, é inédita para o bioma e vai viabilizar o pagamento por serviços ambientais, com sequestro de carbono e preservação da biodiversidade.

A Reservas Votorantim também foi pioneira em certificar o primeiro projeto de REDD+ (Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal) do Cerrado. No período de 2017 a 2021, foram certificados 11,5 mil hectares para emissão de 316 mil créditos de carbono.

Fonte: Indústria Verde