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Uma visão íntima sobre o debate ESG no Fórum Econômico Mundial

No dia 24 de janeiro, fui convidado pela Yunus Social Business para participar de uma conversa sobre propósito e negócios com Paul Polman, ex-CEO da Unilever, Aaron Hurst, autor e pensador reconhecido mundialmente, Katell Le Goulven, da INSEAD, e Daniel Nowack, do Fórum Econômico Mundial.

Eles trouxeram as impressões do Fórum Econômico Mundial, em Davos, da semana passada. Num primeiro momento, Katell Le Goulven trouxe os desafios discutidos no WEF 2023 com foco em aspectos ambientais, como os resultados da pesquisa da Earth Commission, sobre os limites naturais da Terra (vejam aqui).

Desempenho frente aos ODS não é suficiente

O debate causado por estes dados deixou claro que a economia global precisa adotar uma noção de economia regenerativa, indo além de reduzir os impactos negativos dos negócios. Ela também relatou que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, está altamente frustrado frente ao desempenho do setor privado, destacando que “se continuarmos no mesmo caminho dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, não vamos bater nenhuma das metas”.

Paul Polman se juntou à crítica: “Os compromissos que os CEOs estão assumindo são longe do que é necessário e o desempenho das empresas está longe dos compromissos assumidos.” Olhando para o setor de petróleo, ele diz: “É completamente inaceitável que as empresas estão se beneficiando de lucros inesperados e usando o dinheiro para a recompra de ações em vez de investir em renováveis.”

O futuro vai ser mais radical

Resumindo, a noção é a de que o tempo está acabando e as empresas não são confiáveis em entregar um desempenho que nos permita bater as metas dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU) até 2030. O que mais o grupo sente falta é uma liderança com propósito. “Temos dinheiro, temos tecnologia, porém precisamos líderes com coragem e CEOs que tomem responsabilidade pelo impacto total dos negócios na sociedade”, diz Polman.

O que dá esperança para ele é que os jovens estão mais engajados. Movimentos como Fridays for the Future, Extinction Rebellion e outros vão ganhar relevância e provavelmente vamos ver mais confrontações entre eles e empresas. Outro raio de luz de esperança vem da tecnologia, que na opinião de Polman “avança muito mais rápido do que muitos CEOs enxergam.”

Além da confrontação com as novas gerações, a política também perdeu a paciência com o desempenho do setor privado. A União Europeia está lançando nova legislação mais dura frente ao desempenho socioambiental das empresas, que vai influenciar as cadeias globais – inclusive no Brasil. Recomendo se preparar para essa nova realidade, caso sua empresa esteja exportando para mercados como Estados Unidos ou Europa.

Fonte: Época Negócios