A jornada das empresas que desejam caminhar rumo à sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG) ganhou mais um apoio: a B3, bolsa de valores do Brasil, lança nesta quinta-feira, 29, o guia “Sustentabilidade e Gestão ASG: Como Começar, Quem Envolver e O Que Priorizar”. Trata-se da terceira edição do material de caráter prático e didático publicado anteriormente em 2011 e 2016 e que tem como objetivo dar suporte a organizações que pretendam seguir nessa trilha e inserir critérios ESG em suas atividades. Materializam, assim, o conceito de que empresas e entidades públicas têm compromissos com a sociedade, que vão além do cumprimento de suas obrigações legais.
De acordo com Cesar Sanches, superintendente de Sustentabilidade da B3, a publicação tem como alvo todas as empresas do mercado brasileiro e não está focada apenas nas de capital aberto. “As premissas que traz, desde o engajamento da alta liderança e do estabelecimento de uma governança interna de sustentabilidade sólida até a mudança de cultura e o relato de resultados e desafios, mostram de maneira clara estágios que podem ser seguidos para apoiar um desenvolvimento bem estruturado da agenda ESG”, afirma, acrescentando que a nova versão é fruto do dinamismo da agenda global de sustentabilidade.
“É importante sempre observar com atenção as tendências e mudanças que a agenda carrega, preservando a compreensão de que, para a B3, a maneira de estruturar a agenda sustentável não muda, mas evolui”, acrescenta. A evolução, no caso, fica por conta da incorporação de “aspectos de materialidade dinâmica” na nova versão do do documento e de um novo passo rumo à sustentabilidade, com a adoção de uma agenda de Investimento Social Privado.
O executivo, porém, faz a ressalva de que o documento não busca fazer uma “receita de bolo” para o mercado, mas sim apresentar os passos iniciais que organizações precisam dar para caminhar de maneira assertiva na sustentabilidade e no ESG, se distanciando do greenwashing e do social washing Ou seja, a proposta é compartilhar conhecimentos, reflexões e caminhos para a adoção de melhores práticas nessa agenda.
Um trabalho que tem razão de ser. Mesmo não sendo dirigido especificamente para companhias de capital aberto, o próprio guia cita uma pesquisa realizada neste ano pela consultoria e auditora Grant Thornton Brasil, a partir de informações divulgadas por 328 dessas empresas atuantes no país, mostrando que, apesar de 75% considerarem os aspectos ESG como prioridade, apenas 14% os incluem nas tomadas de decisão, e menos da metade (48%) divulga seu relatório de sustentabilidade ou relato integrado. Os números apontam, portanto, que, por mais que a sustentabilidade esteja cada vez mais presente nas preocupações do mercado, é um tema que segue buscando maturidade em muitas companhias.
Em suas 51 páginas divididas em três seções – Sustentabilidade e ASG: mudando o mundo dos negócios; Sustentabilidade e mercado de capitais e Estratégia e gestão:14 passos rumo à sustentabilidade –, o guia apresenta a evolução dos conceitos de sustentabilidade e ESG, aponta a importância de iniciativas para a adoção de padrões globais de divulgação de informações e o papel das bolsas de valores na inserção dessas questões no mercado de capitais.
Na parte prática, os 14 passos são apresentados nos seguintes tópicos: Engaje a alta liderança, Estabeleça a governança da sustentabilidade, Elabore uma política de sustentabilidade, Engaje os stakeholders, Entenda o contexto da sua organização, Estabeleça suas prioridades e a estratégia de sustentabilidade, Defina os indicadores e métricas para os temas prioritários, Estabeleça metas, Revise suas políticas e processos organizacionais, Gerencie sua cadeia de valor, adote uma agenda de desenvolvimento social privado, Dissemine a nova cultura na empresa, Assuma compromissos públicos e, por último, Relate seus desafios e resultados.
Diretora executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação, Sustentabilidade e Investimento Social Privado da B3, Ana Buchaim diz que induzir boas práticas ESG no mercado é um dos três pilares da estratégia de sustentabilidade da empresa. Os outros dois são ser uma companhia alinhada às melhores práticas internamente e fortalecer o portfólio de produtos e serviços ESG.
Fonte: Valor Econômico